Jornalismo com seriedade: MULTIDÃO DE PESSOAS NAS RUAS DE PINHEIRO CLAMA POR LIBERDADE, MAIS DE 17 MIL PESSOAS.

domingo, 18 de setembro de 2016

MULTIDÃO DE PESSOAS NAS RUAS DE PINHEIRO CLAMA POR LIBERDADE, MAIS DE 17 MIL PESSOAS.

A CAMINHADA DA LIBERDADE, DEIXA FLÁVIO DINO, FILUCA, LEONARDO SÁ, OTHELINO NETO, ZÉ ARLINDO ACUADOS.
“ A GOTA D’ÁGUA”


Esse fato das multidões nas ruas de pinheiro me faz lembrar a peça teatral de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes escrita em 1975: ”A Gota d’água”. Atingiu-se agora a gota d’água que fez transbordar o copo. Os autores de alguma forma intuiram o atual fenômeno ao dizerem no prefácio da peça em forma de livro: “O fundamental é que a vida brasileira possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro… Nossa tragédia é uma tragédia da vida brasileira”. Ora, esta tragédia é denunciada pelas massas que gritam nas ruas. Esse Brasil que temos não é para nós; ele não nos inclui no pacto social que sempre garante a parte de leão para as elites. Querem um Brasil brasileiro, onde o povo conta e quer contribuir para uma refundação do pais, sobre outras bases mais democrático-participativas, mais éticas e com formas menos malvadas de relação social.

Esse grito não pode deixar de ser escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para frente. Com uma politicas de ideis inovadora.
Antes de qualquer coisa, importa reconhecer que é o primeiro grande evento, fruto de uma nova fase da comunicação humana, esta totalmente aberta, de uma democracia em grau zero que se expressa pelas redes sociais. Cada cidadão pode sair do anonimato, dizer sua palavra, encontrar seus interlocutores, organizar grupos e encontros, formular uma bandeira e sair à rua. De repende, formam-se redes de redes que movimentam milhares de pessoas para além dos limites do espaço e do tempo. Esse fenômeno precisa ser analisado de forma acurada porque pode representar um salto civilizatório que definirá um rumo novo à história de Pinheiro, não só de um país mas de toda a humanidade. As manifestações do Brasil provocaram manifestações de solidariedade em dezenas e dezenas de outras cidades no mundo, especialmente na cidade de Pinheiro.
De repente o Pinheiro não é mais só de um Pinheirense. É uma porção da humanidade que se identifica como espécie, numa mesma Casa Comum, ao redor de causas coletivas que querem simplesmente ser assistido ou visto através de um grito.
Um grito de  efeito de saturação: o povo se saturou com o tipo de política que está sendo praticada na cidade de Pinheiro  inclusive por um prefeito. E agora o que? Bem dizia o poeta cubano Ricardo Retamar: “o ser humano possui duas fomes: uma de pão que é saciável; e outra de beleza que é insaciável”. Sob beleza se entende educação, cultura, reconhecimento da dignidade humana e dos direitos pessoais e sociais como  saúde com qualidade mínima e transporte menos desumano.

Essa segunda fome não foi atendida adequadamente pelo poder publico. Os que mataram sua fome, querem ser atendidas outras fomes, não em ultimo lugar, a fome de cultura e de participação. Avulta a consciência das profundas desigualdades sociais  que é o grande estigma da sociedade brasileira. Esse fenômeno se torna mais e mais intolerável na medida em que cresce a consciência de cidadania e de democracia real. Uma democracia em sociedades profundamente desiguais como a nossa, é meramente formal, praticada apenas no ato de votar.
Um espírito de insurreição de massas humanas está varrendo a cidade de Pinheiro todo, ocupando o único espaço que lhes restou: as ruas e as praças. O movimento está apenas começando:


Representa um desafio para qualquer analista interpretar tal fenômeno. Não basta a razão pura; tem que ser uma razão histórica que incorpora outras formas de inteligência, dados racionais, emocionais. Só assim teremos um quadro mais ou menos abrangente que faça justiça à singularidade do nosso povo Pinheirense.